Como fazer um vídeo no Youtube: Roteiro, equipamentos e filmagem

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Dificuldade Alta
R$ 0
Investimento
0 h
Tempo de Execução

Introdução

Essa foi uma empreitada ousada que resolvi fazer, pois nunca havia feito um vídeo do começo ao fim e esse foi o meu primeiro vídeo para o Youtube. Aprendi muita coisa e cometi vários erros que atrasaram o meu processo de criação e por isso resolvi compartilhar esse conhecimento adquirido para você conseguir ser muito mais produtivo do que eu fui. E vou te falar uma coisa, eu cometi um erro gravíssimo que me fez ter que refazer toda a edição do vídeo de novo (hahaha isso mesmo. Hoje eu tô rindo mas no dia eu chorei de cócoras). Então se você não quiser fazer a mesma coisa, me acompanha aqui nesse conteúdo que fiz. Vale lembrar que eu não sou um profissional da área e por isso me escorei em diversos vídeos, tutoriais e explicações de pessoas que entendem do assunto. Então esse conteúdo contém todos esses links e foi feito para você, que assim como eu, não tem um background técnico mas está disposto a criar seu primeiro vídeo. 

A postagem ficou muito longa e resolvi dividir em três etapas:

As informações como tempo de execução, ferramentas e investimento da empreitada consistem na junção das etapas I e II, até porque uma influencia nas escolhas da outra. A etapa III tem suas informações independentes das outras. O contexto envolve a criação de um vídeo com o objetivo de mostrar a aplicação de um produto e servir como uma ferramenta de divulgação mas também de orientação para a aplicação da mercadoria. Mas então vamos lá para você aprender a como fazer um vídeo para o Youtube do começo ao fim.
 

Para começar, vamos aos detalhes desse novo conhecimento que você vai inserir em sua caixa de ferramentas para utilizar no seu trabalho e projetos: 

 

⏱ Tempo de Execução

80 horas aproximadamente

 

💸 Investimento

Total: R$1.080,14

  • Filmic Pro: R$112,98
  • Microfone Boya: R$243,60
  • Lâmpada e suporte: R$129,99
  • Suporte para o microfone: R$29,60
  • Licença Adobe: R$224,00/mês
  • Pacote de efeitos: R$339,97
 

🧠 Nível de Dificuldade

10. Nível máximo pois os softwares utilizados não são intuitivos e exige bastante persistência se é a primeira vez que você está nessa empreitada.

 

🛠️ Ferramentas

  • Adobe Premiere
  • Adobe Encoder
  • Adobe After Effects
  • HandBrake
  • FilmicPro
  • Audio Library Youtube
 

“Carácolis 🐌 Davi. Olha o tanto de ferramenta que eu vou ter que dominar! Dá não, desisto.” – Oreia seca que está lendo o conteúdo

Verdade. A lista é extensa e eu classifiquei como nota máxima na dificuldade. Porém, só para deixar claro que foi a primeira vez que fiz um vídeo no Youtube e eu também não tinha praticamente nenhum conhecimento aprofundado. Então sim, é possível! A questão é que vai te exigir mais tempo de execução. Sua sorte (cara, eu sou muito gente boa mesmo) é que eu mastiguei todo o processo para você, inclusive vou deixar os links dos vídeos que considero os melhores em determinados assuntos para que você possa fazer seus estudos de forma muito mais ágil. Eu tive que ver dezenas de vídeos para fazer essa curadoria e isso me custou bastante tempo que você vai poder economizar. 

O investimento assusta um pouco e realmente eu optei em utilizar algumas ferramentas que facilitariam o meu trabalho por se tratar do meu primeiro vídeo para o Youtube. Resolvi fazer assim para não correr o risco de travar em alguma etapa e abandonar o projeto. Hoje consigo dizer com tranquilidade que você pode fazer um orçamento bem mais enxuto (claro, com uma perda de qualidade considerável) em torno de R$224,00/mês que seria o pacote Adobe. Esse realmente eu acho indispensável já que iremos utilizar o Adobe Premiere, Adobe Encoder e Adobe After Effects. Agora, se você optar em fazer o mesmo investimento que eu fiz, uma das vantagens é que você terá um setup já pronto para os próximos vídeos e não irá precisar fazer novamente o mesmo gasto (então tira o escorpião do bolso! 🦂 ). De qualquer forma, ao final de algumas etapas vou tentar te mostrar um caminho Free, seu pão duro. 

 

Ah, e antes que eu me esqueça, se liga no resultado final e veja se te agrada (pode fazer críticas construtivas por favor)

 

 

 

Planejamento básico para um vídeo

Antes de você até mesmo escolher seu equipamento necessário, recomendo fazer um planejamento bem básico para seu primeiro vídeo no Youtube. Por que? Pois dependendo do que você quer mostrar pode ser utilizado um celular ou será necessário uma câmera profissional. Dependendo você precisa de um suporte móvel ou quem sabe você pode improvisar com alguns materiais em casa mesmo. Então seguinte, faça um esboço de planejamento respondendo às seguintes perguntas:

  • Qual vai ser o tema do vídeo?
  • Você vai gravar ao ar livre ou em um ambiente fechado?
  • Existe muita possibilidade de interferência no seu áudio? 
  • O que você vai falar na introdução do vídeo? E onde vai ser o cenário?
  • O que você vai falar no decorrer do vídeo? E onde vai ser o cenário?
  • O que você vai falar no final do vídeo? E onde vai ser o cenário?
  • Você vai priorizar uma alta qualidade na resolução?
  • Quais são os ângulos que você imagina utilizar em cada filmagem?
  • Qual o objetivo do seu vídeo?
  • Qual a mensagem que você quer deixar para as pessoas?
Com essas respostas em mãos irá ficar mais claro para você o local apropriado, as decisões mais importantes, o seu roteiro de fala e até mesmo os ângulos mais adequados para cada etapa do seu vídeo. 

Aproveite para registrar todo seu passo-a-passo para no momento da gravação não faltar um equipamento e evitar que você fique travado com o que vai falar. O Mateus fez um checklist top da balada pra você seguir. Dá só uma olhada 

 

Escolhendo o equipamento necessário

Agora que você já sabe como vai ser executado seu vídeo, está na hora de escolher seu equipamento. Dependendo do que você deseja, pode ser necessário ou não um microfone, por exemplo. Por isso o passo anterior é importante para suas decisões. Eu gostei demais do vídeo do Álvaro do canal Megapixelers (ele é o bixão mesmo e entende bastante do assunto) que me ajudou bastante em definir meu setup. Então se você quiser conferir:

 

Olha ai como ficou meu setup dos equipamentos (bem amador mesmo kkk):

 

Câmera

Por questão de economia, eu já comecei esse projeto com uma certeza: não iria comprar uma câmera profissional. Por isso, tinha que escolher um celular que fosse capaz de captar uma imagem minimamente de qualidade. O recomendado aqui é o seguinte: quanto mais resolução, melhor. Por isso, decidi usar um Xiaomi Redmi Note 9S que me possibilitava gravar em 4k com a câmera traseira. É verdade que um vídeo em 4k vai te exigir uma máquina mais potente no momento da edição do seu vídeo para o Youtube. Maaaaaaaaaas meu brother, eu tenho uma ótima dica para que você consiga editar com qualidade um vídeo pesado mesmo tendo uma máquina um pouco mais fraca (neste caso uma máquina mais fraca ainda assim é algo de i5 para cima). E por quê gravar com o máximo de qualidade possível? O Youtube realiza uma compressão do seu vídeo no momento que você faz o upload dele, para tornar o conteúdo mais ágil aos telespecs que irão assisti-lo, eu imagino. Então, o recomendado é você gravar com o máximo de qualidade possível. Até porque se você, no futuro, quiser reduzir a qualidade para um FullHD (se estiver em 4k) você consegue. O que você não pode fazer é o inverso, mudando de uma resolução menor para uma maior, como por exemplo pegar um vídeo em FullHD e converter para 4k. A perda de qualidade é significativa. 

 

Microfone Externo

Altamente recomendável! Todo vídeo é composto basicamente de duas coisas: imagem e áudio. Podemos dividir a qualidade de um vídeo com 50% de peso para cada um deles. Por isso, acaba que não adianta muita coisa se seu vídeo está em 4k mas seu áudio está horroroso. É melhor você ter um vídeo em fullhd e com um áudio razoável. Por isso, realmente avalie com carinho a possibilidade de adquirir um microfone externo. Agora, qual microfone devemos escolher? Depende da sua necessidade. Vou te ajudar a escolher te explicando rapidamente como os microfones funcionam.

Existe uma especificação nos microfones que se chama padrão polar. Essa característica especifica se o microfone capta áudios mais distantes ou mais próximos e em quais direções o áudio será captado com maior qualidade. Eu optei pelo Boya BY-MM1 por ser um Cardioide (cardioid para você que é meio Joel Santana no inglês) que me oferece um foco na parte da frente no momento da gravação. Olha ai as especificações de diferentes microfones:

Mesmo ele constando na caixa que ele é um Cardioid, a imagem que aparece no manual me parece mais um Supercardioid. Provavelmente ele é um microfone que está entre essas duas especificações. Então, sabemos que a captação do áudio vai ser de média distância no sentido frontal e no sentido traseiro vai ser de curtíssima distância. 

Além disso, o Boya escolhido é compatível com o celular e veio com o cabo específico para isso. É o cabo da especificação P3, aquele que tem três listrinhas na ponta. Isso é muito importante já que iremos filmar com o celular. Se o microfone externo não vier com esse cabo, tem como comprar um adaptador que vai estar sussa. O DeadCat que vem junto também é bem útil para diminuir o ruído de vento e, como eu iria gravar em um ambiente aberto (na roça) estaria bem vulnerável ao furacão Katrina que costuma passar por lá. O professor Rovian fez um vídeo testando o Boya e ainda explica (bem melhor do que eu) esses padrões diferentes de captação de som. 

 

Suporte

Achou que não ia ter gambiarra né? Achou errado! Hahaha uma gambiarra faz bem pra alma e é indispensável. Então utilizei dois suportes para fazer a filmagem. Eu já tinha comprado uma lâmpada para ajudar na iluminação quando necessário. Então peguei o suporte da lâmpada para ser a base, uma vez que era feita de um material mais resistente. O encaixe do celular da lâmpada era fixo e por isso tive que adaptar esse cabeçote amarrado com um monte de esparadrapo. Para fixar o microfone eu usei uma base peidorreira mas que tem a vantagem de ter as pernas flexíveis, possibilitando que eu fixasse ao lado da base principal. Ficou um RTA (recurso técnico alternativo ou gambiarra) digno do nome. 

 

Computador

Aqui o bixo pode pegar pro seu lado e realmente ser um gargalo nesse processo. O trabalho de edição no Adobe Premiere consome mais capacidade do processador do seu computador do que memória ram (ao contrário do Adobe After Effects que gasta mais ram). Em uma versão anterior, a Adobe liberou uma funcionalidade onde podemos utilizar da placa de vídeo para auxiliar no processamento do vídeo. Essa configuração se chama “Mercury Playback Engine GPU Acceleration (CUDA)” e realmente ajuda e muito! Agora, o consumo de energia vai subir nas alturas até porque você vai utilizar o máximo de desempenho que seu computador pode entregar. Quando estava fazendo minhas edições, meu notebook estava com a bateria arregaçada e não segurava mais carga. Por causa disso, quando tentava exportar os vídeos ele acabava desligando. No final das contas tive que trabalhar com a configuração de “Mercury Playback Engine Software Only” para manter o coitado ligado e trabalhando. Essa escolha é feita dentro das configurações do projeto e também no momento de fazer a exportação do seu trabalho. 

As configurações do meu computador são as seguintes:

  • Dell Inspiron i14-7460-A30S
  • i7 7th Gen
  • Placa de vídeo GeForce 940MX com 4GB dedicada
  • 256GB de SSD
  • 16GB de RAM

Acho que você conseguiria trabalhar com um i5 mas não tão antigo. As recomendações oficiais da Adobe são bem superiores a minha máquina e, realmente, se você for fazer isso como um trabalho diário acho que vale a pena um investimento maior para ser mais produtivo. Do contrário, não recomendo esse investimento todo. Mas segue ai as recomendações da Adobe.

 

Aprendendo sobre iluminação básica

Iluminação é algo essencial para que a captação do seu vídeo seja de qualidade. Uma comparação simplória seria dizer que as câmeras funcionam como nossos olhos. Na ausência de luz, não vemos nada além da escuridão. Na abundância de luz, também não vemos nada além da claridade estourada. Seria como se você estivesse em um quarto fechado a noite, completamente escuro em comparação com olhar diretamente para o sol ou uma lâmpada bem de perto. Você precisa equilibrar a presença de luz para que a captação das imagens seja satisfatória. 

O que utilizei aqui foi a seguinte técnica: equilibrar a luz para conseguir captar o máximo possível de informação. Isso significa que posteriormente você deve fazer uma correção de cor pois a imagem original fica meio opaca, sem graça. Porém, como você captou o máximo de informação, o software de edição já consegue identificar qual cor que cada elemento tem e te possibilita fazer correções de cores fantásticas (inclusive criando ambientes de cores fictícias). 

Lembre-se que a luz solar é sua melhor amiga (ou inimiga) e busque agendar a gravação dos seus vídeos de acordo com a melhor luz natural que está correlacionada com a mensagem que você quer passar. Gravar ao final do dia pode deixar o ambiente mais alaranjado e vai impactar na mensagem do seu vídeo. Por outro lado, gravar no amanhecer a iluminação é mais branca e viva. 

Uma outra técnica que aprendi em meus estudos com o Álvaro é a iluminação cinematográfica mais utilizada. Mesmo eu não usando essa técnica na minha filmagem, vou deixar aqui para vocês pois ela é muito útil em filmagens em ambientes fechados. A técnica consiste em três pontos de iluminação:

  • Uma iluminação frontal com ângulo lateral: Essa iluminação irá ficar direcionada para seu rosto em um ângulo diagonal, fazendo com que seu nariz (se ele não for muito grande kkkk) faça uma sombra conectando com o lado mais escuro da sua cara e criando um triângulo de luz, deixando seu aspecto mais tridimensional;
  • Uma iluminação em cima da sua cabeça: Neste caso, o objetivo é te destacar do fundo do vídeo, criando uma lâmina de iluminação em torno do seu corpo;
  • Uma iluminação no fundo: Já essa iluminação é para destacar o fundo do seu vídeo e mostrar os elementos contidos lá;

Nada melhor do que visualizar essas iluminações diferentes. Então dá uma olhada no vídeo do Álvaro porque ele mostra outras técnicas diferentes (e o cara ainda tem coragem de falar que é amador rsrs) além de ser muito interessante aprender essas coisas que estão praticamente em todo conteúdo de mídia que consumimos: 

 

A iluminação também está diretamente ligada as cores do seu vídeo e pode ser muito útil no momento de fazer a correção de cor. Então, você também pode utilizar iluminação com cores diferentes e isso vai criar um efeito interessante. Mais pra frente nesse artigo vou abordar um pouco sobre a psicologia das cores que pode te auxiliar na sua escolha. Esse vídeo do Casal REC também é excelente para estimular nossa criatividade:

 

“Ah Davi, esse negócio de iluminação é maior besteira.” – Oreia seca que está lendo o conteúdo

Hm, entendi. Dá uma olhada nessas imagens e repete isso aí.

 

Aprendendo sobre Frame Rate

Meu mano, agora que veio a bomba. Foi justamente nesse tema que os deuses cinematográficos resolveram me castigar com um retrabalho enormeeee onde precisei refazer toda minha edição! Então presta bem atenção nesse tópico para você não fazer merda também. 

Primeiramente, você precisa entender um conceito. Todo vídeo é como se fosse uma sequência de fotos que quando reproduzidas criam o dinamismo do movimento. Cada foto dessa pode ser entendida como um Frame. O Frame Rate é a taxa do qual esse vídeo capturou as imagens, ou seja, traduzindo de forma leiga, a quantidade de fotos por segundo. Nossa visão capta em torno de 24 frames por segundo e esse é o Frame Rate recomendado caso você queira um vídeo com aspecto mais natural. Algo abaixo ou acima disso traz uma sensação de que não é natural à nossa visão. Beleza, decidido então. Usaremos 24 frames por segundo para filmar nosso vídeo.

 

“E se eu quiser uma câmera lenta?” – Oreia seca que está lendo o conteúdo

Ai você vai precisar aumentar esse Frame Rate para algo entre 60 a 120 frames por segundo.

 

“Ah, então é melhor eu filmar tudo em 120 e depois se eu quiser aplico a câmera lenta.” – Oreia seca 

Não! É melhor você fazer takes específicos das filmagens que gostaria de aplicar câmera lenta e filmar o restante em 24. Segundo o Thiago é coisa de cabaço quem não filma em 24 frames por segundo se você não for aplicar câmera lenta kkkkk ele é meio bruto mas tem um ótimo conteúdo também:

 

 

Já o Shutter Speed (velocidade do obturador que é mais ou menos a sensibilidade a luz) precisa ser o dobro do frame rate (regra do 180º), ou seja, 24 FPS com 48 Shutter.

“Por que Davi?” – Oreia seca 

Sei lá mano, segue a regra. Ta bom, ta bom. Vou tentar explicar um pouquinho melhor. Quanto maior for o Shutter Speed, mais nítido vai ficar seu movimento. E quanto mais baixo, mais imagem borrada vai ter o seu vídeo. Mas preste atenção: movimento borrado não significa baixa qualidade. Por acaso você consegue ver o movimento exato de um ventilador? Não, né? Pois é, olha esse vídeo do Allan que faz exatamente esse teste:

 

 

Então como eu te disse anteriormente, a configuração de uma imagem natural é 24 FPS com 48 Shutter.

E agora que veio o problema. Só depois deu já ter gravado e editado todo meu vídeo (descobri isso depois de ter exportado *Choro forte e ininterrupto 😢*) fui entender sobre VFR e CFR. 

 

VFR (variable frame rate)

Consiste na gravação de um vídeo que o frame rate é variável. A maioria dos celulares (ou uma boa parte deles, não sei exatamente a proporção) grava com VFR para captar imagens melhores. O motivo? Não sei e não procurei saber. Única coisa que sei foi que minha filmagem foi toda feita em VFR. Então, mesmo eu escolhendo CFR de 24 no Filmic Pro, o resultado final apresentava algumas variações como 23,84 ou 25,04 em cada um dos arquivos gravados, não sendo um CFR de verdade e sim uma aproximação da configuração que escolhi. Se alguém souber como fazer o celular gravar em CFR, por favor deixe nos comentários pois não encontrei em lugar nenhum. 

 

CFR (constant frame rate)

O próprio nome já te induz a resposta né. Neste caso a taxa de frame é fixa e, pelo que entendi, as câmera profissionais normalmente filmam com essa configuração.

 

O problema que judiou de mim

Bom, ai veio o problema. Até alguns anos atrás, o Premiere não aceitava filmagens com VFR e esses arquivos precisam ser convertidos para CFR ou editados usando o Vegas (que é uma bosta. Tô zuando, nunca usei). Depois o Premiere lançou uma atualização que, automaticamente, interpretava o VFR e adaptava o vídeo em sua linha do tempo como se fosse CFR. Até aí tudo bem. O problema aparece quando você utiliza Proxies (configuração para facilitar a edição de arquivos grandes, como meu filme em 4k). A própria Adobe não recomenda você usar VFR com proxies pois pode causar uma variação na quantidade de frames 

Fonte dessa bagaça direto da Adobe.

 

Essa variação é bem sutil, mas ao final do seu projeto causa sim uma fala que ficou incompleta pois o corte foi feito alguns frames antes ou uma animação que executou fora do local desejado. Agora,  se você veio do futuro e a Adobe já corrigiu isso, pode ignorar o próximo passo. Se não, me acompanha aqui. 

 

Corrigindo o problema com o HandBrake

Não vou gastar muito tempo fazendo um tutorial com o HandBrake pois o Mateus já fez um vídeo explicativo

O que você precisa saber é o seguinte: CONVERTA SEU VÍDEO PARA CFR ANTES DE CRIAR O PROJETO E EDITAR NO PREMIERE! Isso mesmo. Você vai ter que converter todas suas mídias mas não cometa o mesmo erro que eu. Eu tive que refazer todaaaaa a edição por causa disso. No HandBrake não tem muito segredo. Configure a conversão com a mesma configuração do seu vídeo original, apenas alterando para Constant Framerate na aba de vídeo e selecionando 24 FPS (ou o fps desejado). 

 

Aprendendo sobre cores

Falar uma coisa com você, eu já era apaixonado por cinema e depois de fazer esse trabalho fiquei ainda mais interessado pelo tema. Uma das partes mais interessantes é a aplicação de cores para se comunicar com seu público alvo. A psicologia das cores é algo realmente poderoso e que você pode utilizar a seu favor.

A RockContent fez um artigo muito bom se você quiser aprofundar no assunto sobre a psicologia das cores. Agora, não é uma temática muito fácil e clara de se aplicar como o preto no branco (ficou bom esse trocadilho né). Porque a cor vermelha pode ser interpretada como violência, atenção ou perigo e, em um outro contexto, pode representar a paixão, sedução ou tesão. Por isso, você precisa analisar o contexto de aplicação das suas cores, analisando sobre o plano de fundo, objetos decorativos, tons de iluminação e a correção de cor a ser aplicada. O conteúdo falado e o som também vai te ajudar a passar a mensagem correta com aquela paleta de cor escolhida. 

SPOILER ALERT – FILME PULP FICTION: convidei o Tarantino para me ajudar a falar um pouquinho sobre essa questão da psicologia das cores. E ninguém melhor do que ele para exemplificar sobre isso usando o vermelho, não é? 

 

Se liga o tanto que essas aplicações do tom vermelho no filme Pulp Fiction são extremamente interessante e, por si só, já auxiliam na construção do enredo da história: 

Mano do céu, o vermelho está transbordando no ambiente. Olha o fundo com muita decoração e elementos com vermelho. A cabeça do nosso vilão Marsellus Wallace está tomada por vermelho. A gente poderia dizer que o Butch acabou de entrar no inferno e está olhando diretamente pro capetão chefe. Mas presta atenção em um detalhe aqui: o vermelho vivo na cabeça de Wallace está contrastando 50%-50% com um cor mais natural e pacífica. O que isso quer dizer? Bom, poderíamos dizer que ele não é tão malvado assim, tanto que no final do filme se torna “amigo” do Butch.

“Uai Davi, o bagulho agora ficou loco. O Butch que tá todo vermelho!” – Oreia seca

Pois é. Olha que incrível. Logo algumas cenas depois, a aplicação do vermelho se inverte no personagem. Nessa cena, quem tem uma invasão do vermelho no rosto é o Butch e mesmo Vincent Vegas tendo vermelho na camisa (ele já se mostrou perigoso logo no começo do filme) temos a sensação que o perigo não vem dele. Como você já sabe (ou não) o Butch acaba matando o Vincent no decorrer do filme. Essa informação sempre esteve aí meu querido. Bastava a gente interpretar de forma clara. Mas mesmo não interpretando, a sensação ou emoção fica no nosso subconsciente sem nem sabermos.

Agora a tal da aplicação em um contexto diferente e como a mesma cor pode significar uma coisa totalmente oposta. Nessa cena vemos Mia Wallace com um batom vermelho exuberante e tons mais nude se sobressaem. Essa tonalidade da cena com nude nos remete a cor da pele (ou nudez?). Os elementos também são importantes. Será que o microfone estaria representando outra coisa? Não sei não sei. O fato é: com uma voz sedutora ela conversa com o Vincent e já sentimos um climinha de sedução no ar. 

Na cena seguinte também temos o uso do vermelho para envolver os dois atores e reforçar a ideia de que esse vermelho é diferente do anterior que a gente viu. Ele representa o romance, sedução ou paixão. 

Tanto é que o mesmo carro vermelho é colocado em outra cena mas seu vermelho não sobressai. O que vemos aqui é a abundância de um tom esverdeado com azul. Mas não é um verde de natureza. Está mais parecido com um verde de esgoto. Neste momento, a Mia está quase morrendo e não existe nenhum clima romântico entre eles, apenas a consequência degradante de abusar das drogas e sofrer uma overdose. 

Eu poderia ficar o resto do dia só analisando cena a cena para te mostrar mais exemplos da aplicação de cores e seus significados. Mas a gente ainda tem muita coisa pra ver antes de finalizar seu primeiro vídeo para o youtube, não é? Mas foda-se vou mostrar mais um exemplo porque eu curto demais esse tema.

“Ué, eu mal cheguei e vocês já estão me matando?!” – Vincent Vegas

Existe um livro sobre cinema que aborda sobre a aplicação de cores e seus significados. Esse livro se chama If It’s Purple, Someone’s Gonna Die: The Power of Color in Visual Storytelling. Pode-se dizer que o roxo remete ao desconhecido, misterioso e místico. Imagino que essa relação acaba nos remetendo a morte, já que é algo completamente misterioso para a humanidade (existe algo após a morte?). Por esses motivos, o roxo costuma estar presente na representação da morte no cinema ou até mesmo, avisar que alguém vai morrer. No caso do Pulp Fiction, temos essas duas cenas onde existe uma clara demarcação do roxo e somente o personagem Vincent na tela. Como você já sabe, no decorrer do filme ele bate as botas.

Bom, espero que com esses exemplos que retiramos apenas do filme Pulp Fiction você já abra seus olhos para o tema.

“Ihhhh Davi, isso é coisa de cinema. Nem acho que precisa aplicar isso em outro segmento” – Oreia seca

Dá uma olhada nessa reportagem do Fantástico exibida no dia 19/07/2020. A base da reportagem envolve o fato da circulação de mais armas estarem diretamente ligadas ao aumento da violência na sociedade (coisa óbvia né. Mas não para todo mundo). Então, adivinha qual foi uma das formas de fortalecer esse argumento? Isso mesmo. Usar o vermelho para fortalecer a ideia de violência, sangue e morte. 

Obs: será que o amarelo da roupa da repórter está representando a esperança em meio ao derramamento de sangue do cenário (e da vida)? 

 

Filmagem – Como fazer um vídeo no Youtube

Filmar é massa demais, cara. Eu sou fascinado como você consegue passar uma mensagem ou uma emoção com as coisas que você coloca na tela, usando um movimento de câmera ou dando um foco aqui e em outros locais um enquadramento mais amplo. São muitas as variedades que você pode fazer. Só um momento de curiosidade, você já ouviu falar do efeito Vertigo (inclusive tem um filme muito bom dele com esse nome) ou Doly Zoom? Nunca??? Mano, dá uma olhada nesse vídeo aqui:

 

Bixo, esse efeito é criado apenas dando um zoom in e ao mesmo tempo se afastando fisicamente do seu foco. Você pode fazer o contrário também e o efeito vai ser diferente. Pois é, existe um infinidade de opções que você pode utilizar na hora de fazer suas filmagens. Ficou interessado? Mateusão da massa não falha e te ensina a fazer:

 

 

Software para filmagem: FilmicPro

Optar na utilização de um software específico na hora de filmar é bem importante. Não se esqueça que estamos usando um celular e existem várias limitações no software original do seu sistema operacional. Então para você ter mais liberdade nas configurações da sua filmagem, será sim necessário utilizar um software externo. Optei em comprar o FilmicPro já que é uma compra única e eu não iria precisar pagar mensalidades depois. O Álvaro faz um tutorial bom demais das configurações e funcionalidades do software. Pode seguir a risca que é sucesso!

Não deixe de ver o vídeo dele pois foi exatamente depois desse vídeo que foi um marco nos meus conhecimentos.

Segue um Checklist basicão para você filmar seu vídeo:

  • Dimensão 4k ou a maior possível
  • FPS 24 é a melhor opção para imagens naturais
  • Som 48Mhz para ter uma qualidade boa
  • Não se esqueça de selecionar o microfone externo
  • Foco fixo no objeto principal do seu vídeo colocando o quadrado em cima
  • Verifique qual o melhor local para priorizar a iluminação da sua imagem colocando o círculo no local desejado
  • Ajuste a velocidade do obturador para 48 caso você esteja gravando com FPS 24. Obs: no meu caso eu não consegui pois era em um local externo e a iluminação estava muito intensa. Então o obturador no 48 estourava a iluminação e eu perdia muitos elementos. Provavelmente cometi um pecado grave e os deuses cinematográficos vão me enviar para o inferno visual onde passa galinha pintadinha 24h por dia
  • Ajuste a cor selecionando a opção AWB e depois trave essa opção para não ficar variando enquanto você grava
  • Selecione o modo Log que você terá maior captação de informações. Mas vai precisar fazer uma correção de cor depois, não se esqueça disso. 

 

Enquadramento

Esse mundo cinematográfico é meio careta, cheio de regras. Então toma mais algumas: regra de composição. Muito simples e com certeza vai te dar um norte no momento de fazer seu enquadramento. Essas regras consistem em “dividir” a tela em quadrantes e enquadrar os elementos da forma que você quer passar essa mensagem. Dá uma conferida nesse vídeo do Paulo del Valle para aprender algumas regras de composição e escolher a que fica mais adequada a sua situação:

 

“Po Davi, e aquela dica maneira?” – Oreia seca

Tem não, se vira malandro. Zoando. Vai de regra dos terços que é a mais simples e intuitiva. 

 

Movimento de câmera

Que tema sensacional. Quero que você faça um exercício antes. Veja um documentário, um filme ou algum programa que você gosta e assista com a seguinte premissa: Toda filmagem tem uma pessoa segurando a câmera. Quando você ver um movimento diferente, quero que você pause o programa e imagine como que foi feito para criar aquele take. Pronto! Isso vai estimular sua criatividade para ter excelentes ideias no momento de fazer suas filmagens. Agora se liga nesse vídeo do Canal REC:

 

Olha que interessante o resultado final e como que foi gravado cada um dos takes. Abuse de zooms, movimentos laterais, ângulos diferentes e fique ligado em ambientes que podem proporcionar essas boas filmagens. Sobre esse tópico em si, considero que foi o aspecto que mais preciso evoluir nas filmagens dos meus vídeos. Como os celulares não tem estabilizador como as câmeras profissionais, o vídeo fica visivelmente tremido e passando um aspecto muito mais amador do que gostaria. Por isso, existe duas possibilidades para evitar esse problema:

  • Comprar um Gimbal: É um equipamento que faz o serviço de estabilização para você. Assim, você tem muito mais liberdade de fazer movimentos mais bruscos e evita que sua imagem fique tremida ou ruim. Existem boas opções no mercado na faixa de R$1.000,00 a R$1.500,00

  • Utilização de Suporte Fixo: Você pode conferir que usei o tripé somente na gravação dos primeiros takes. Depois foi celular na mão nas tora. Então, a melhoria mais em conta para os próximos vídeos seria planejar melhor a gravação de cada take e utilizar mais de suportes fixos que inclusive podem ser bem improvisados usando pilhas de livros, mesas, cadeiras e outras coisas que encontramos na nossa casa. 

 

Chegamos ao final dessa primeira etapa onde você aprendeu o básico para começar a fazer um vídeo para o Youtube. O objetivo aqui era te passar noções sobre esse universo gigante que consiste a cinematografia. No próximo artigo vamos entrar de cabeça em aspectos mais técnicos da edição do vídeo. Clica aqui para continuar nessa empreitada.

 

Obrigado pela agradável companhia e deixe nos comentários qualquer dúvida ou sugestão 🤙 Abraaaaaço.

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